Existem diferentes alternativas para o controlo da dor. Por um lado, temos as intervenções fisiológicas como cirurgia, medicação e fisioterapia e, por outro lado, as terapias alternativas, como técnicas de estabelecimento de objetivos e aconselhamento psicológico. A dor é algo complicado de gerir e nem todas as soluções apresentam os mesmos resultados para toda a gente, sendo que o impacto psicológico provocado pela dor é muitas vezes negligenciado.
A dor raramente é só física, podendo também ter um impacto significativo a nível mental e emocional. Sabia que consegue ter impacto na sua dor física, através do seu estado de espírito, determinação e força emocional? O ditado é “Mente sobre matéria” e aqui estão algumas dicas para voltar a conectar-se com as pessoas e atividades que mais importam!
O que é o controlo da dor?
O controlo da dor consiste em encontrar técnicas que o ajudem a lidar com a dor, independentemente da sua intensidade, minimizando o aparecimento de crises, e estabelecendo objetivos que lhe permitam ter um pouco mais de controlo sobre como se sente e, o que pode fazer em relação a isso. O controlo da dor consiste em voltar a viver o melhor da sua vida e da forma que deseja.
A forma como controlamos a dor varia de pessoa para pessoa. Não existem regras gerais que se apliquem a todos – trata-se de nos concentrarmos em nós como indivíduos, e ter em consideração aspetos como, por exemplo:
- Necessidades específicas
- Circunstâncias
- O que pretende alcançar
- Com o que é que se sente mais confortável
Guidelines para o controlo da dor
Encontrar as guidelines certas para o controlo da dor e definir os objetivos para o controlo da mesma, ajudam-no a ter uma melhor visão sobre o que está a tentar atingir, assim como acompanhar e medir melhorias e progressos.
Poderá fazer isso por si mesmo – talvez anotar os objetivos para que pareçam objetivos alcançáveis – ou discuti-los com um amigo ou um membro da família.
O importante a ter em mente quando define objetivos para o controlo da dor é:
- Definir objetivos próprios em relação à dor que sente
- Tornar os seus objetivos específicos e mensuráveis
- Definir o seu ritmo
- Ser realista
Definir objetivos próprios
Pode ajudar, ter um indicador tangível especificamente relacionado com o impacto que a dor tem na sua vida diária e como desejaria que isso se alterasse.
Por exemplo, se estiver a sentir uma dor aguda – uma dor que dura menos de três meses e que desaparece após o período normal de recuperação – os seus objetivos poderão passar por:
- Reduzir os efeitos adversos dos medicamentos
- Reduzir a dor para um nível tolerável ou aceitável
- Facilitar a recuperação e a cura
- Prevenir o aparecimento de dor crónica
Se tiver dor crónica – uma dor que se prolonga por três ou mais meses e que não passa – os objetivos serão diferentes. Alguns objetivos tangíveis na dor crónica poderão ser:
- Diminuir a dor na vida quotidiana
- Compreender melhor os potenciais desencadeadores, de forma a gerir as crises de forma eficaz
- Restabelecer a função
- Discutir os impactos emocionais e sociais provocados pela dor
- Identificar e adotar métodos de ação eficazes
Torne os seus objetivos para o controlo da dor, específicos e mensuráveis
No exemplo anterior, falamos sobre como definir objetivos para reduzir a dor. Mas também pode definir como objetivos, ser capaz de realizar certas tarefas.
Pode focar-se em algumas coisas que a dor o impede de realizar e ver se existe alguma forma de as tornar realizáveis. Se uma caminhada for muito difícil, poderá traçar como objetivo conseguir chegar até ao final do percurso e sentar-se num banco a ver o pôr do sol, ou entregar uma carta a um amigo que se encontra a dois quarteirões. Se o sono for um problema, pode ser que acorde sentindo-se renovado para o novo dia. Escolha algo que o faça sentir feliz e realizado.
De seguida, defina uma data limite para isso - seja no final do ano, ou num evento específico pelo qual esteja ansioso, como o casamento da sua filha.
Definir o Ritmo
Uma tarefa que poderia no passado demorar meio dia a fazer, agora pode demorar dois dias. Mas aceitar a mudança no seu ritmo, permite que seja capaz de atingir determinados objetivos, que caso contrário o deixariam facilmente frustrado ou desanimado, desistindo ao primeiro obstáculo que surgisse. Se se vir atingido por um contratempo, não desista, a persitência e a determinação são metade do jogo. Dito isto, não exagere, se hoje não conseguir, não se preocupe, amanhã é um novo dia e poderá tentar novamente.
Se tratar dos canteiros de flores no seu jardim foi o ponto alto da sua primavera, não deixe que as dores articulares ou as expectativas pouco realistas do tempo o parem. Aceite que provalmente só se consegue ajoelhar por 20 minutos, de cada vez, ou que as suas mãos só aguentam tratar de uma planta antes de precisar de uma pausa. Mas não importa! A vida não é uma constante corrida – demore o seu tempo e aproveite esta tarefa durante várias semanas.
Ser Realista
A chave para definir objetivos que consiga realmente atingir, é ser realista. Se definir um objetivo que dificilmente conseguirá alcançar, poderá ser desencorajador se (ou quando) falhar. Por exemplo, se sofrer de dor crónica e estiver a definir um objetivo relacionado com a sua dor, provavelmente não fará muito sentido dizer “certo, eu quero que o meu nível de dor atinja o zero este mês”.
Por muito que gostássemos de acreditar que conseguimos alcançar o impossível, e embora o otimismo desempenhe um papel muito importante, é provável que se estiver a sentir uma dor muito intensa durante algum tempo, se comece a questionar, quão realístico e alcançável é esse objetivo? Poderá considerar fazer uma avaliação da sua dor numa escala de 1 a 10 e definir como meta, chegar a metade disso nos próximos meses. Se hoje parecer um 6, descer para um 3 continuaria a ser uma melhoria impressionante e muito mais viável!
Fale com o seu médico sobre as possíveis soluções para controlar a dor, e de que forma podem ajudar a tornar os seus objetivos uma realidade.
Técnicas para o controlo da dor
Existem diversas atividades que podem ser incluídas no seu dia a dia, capazes de ajudá-lo no percurso para controlar a dor e que podem ser um complemento a um regime terapêutico.
Algumas das técnicas mais comuns para o controlo da dor são:
- Meditação e Plenitude
Acalmar a mente e aprender a se livrar do stress sentido, pode ter um impacto positivo no seu corpo, assim como melhorar a sua qualidade de vida.1 - Exercício e alongamentos
Dependendo da causa da sua dor, o exercício costuma ser muito benéfico para a mobilidade das articulações, fortalecimento dos músculos e aumento da flexibilidade. Tem também como bónus adicional, aumentar aquelas endorfinas que nos melhoram o humor em qualquer lugar! - Fisioterapia
Um fisioterapeuta pode indicar-lhe diversos exercícios e movimentos específicos que não só o ajudam a aliviar a dor, mas que também irão direcioná-lo para uma recuperação a longo prazo. O benefício adicional é que o fisioterapeuta será capaz de lhe fornecer uma série de exercícios personalizados, que pode fazer em casa, e que o ajudarão a melhorar a função e mobilidade. - Incluir o relaxamento no seu quotidiano
Estar constantemente com dores pode ser stressante! O stress é um tópico complicado, e não é fácil de lidar com ele; pode mesmo exigir intervenção profissional. Mas o ponto de partida é tentar encontrar algum tempo durante o dia para relaxar. Poderá até mesmo agendá-lo. Deixe notas pela casa relembrando-o para parar, sentar um bocadinho, relaxar e organizar os seus pensamentos. O bem-estar psicológico pode ter impacto positivo associado à dor, enquanto que a ansiedade pode exacerbar a dor.2 Fazer uma pausa para beber uma chávena de chá de camomila, durante 15 minutos à tarde, ou tomar um longo banho ao final do dia, pode ser o primeiro passo para abrandar. - Dormir
Ter uma boa noite de sono pode ser muito útil para controlar o stress de estar a sentir dores. O sono também é muito importante para que o seu corpo se mantenha a funcionar e a recuperar de forma adequada.3 Na verdade, os distúrbios do sono são bastante comuns, uma vez que 67-88% das pessoas que sofrem de dor crónica relatam sofrer de distúrbios do sono.4 Algumas dicas que o podem ajudar a dormir bem são:- Tente-se deitar à mesma hora todas as noites, e acordar à mesma hora todas as manhãs, criando uma rotina (somos criaturas de hábitos!).
- Mantenha os telefones, tablets e ecrãs fora do seu alcance na hora que antecede a hora de dormir (a luz, especialmente a luz azul emitida pelos dispositivos eletrónicos, mantém-nos acordados – também pode obter uns óculos que ajudam a proteger os seus olhos desse brilho).
- Dê uma oportunidade à aromaterapia; a lavanda é particularmente calmante e relaxante.
- Junte-se a um grupo de apoio
Falar com outras pessoas que também estejam a lidar com a dor, pode ajudar a perceber que não estamos sozinhos nisto. É também uma boa forma de partilhar dicas e técnicas sobre como controlar a dor. - Acupuntura
Esta antiga Medicina Tradicional Chinesa está a ganhar popularidade a nível global, e consegue colocar as agulhas nos pontos certos, encorajando o corpo a produzir endorfinas que aliviam a dor.5 - Encontre uma distração
Focar apenas na dor sentida pode tornar-se desencorajador, então, em vez disso, coloque a sua mente noutra coisa. Mesmo que uma chamada de vídeo com o seu filho que se encontra na Austrália, ou umas palavras cruzadas difíceis, não consigam fazer com que a dor desapareça, certamente será uma distração positiva e agradável. - Voltar às suas atividades normais
Estar com dores pode muitas vezes contribuir para que se afaste dos seus amigos, familiares e atividades que outrora amou. Este pode ser um dos efeitos adversos mais difíceis da dor. Tenha o cuidado em continuar a participar nas coisas com que se identifica, quer seja no trabalho ou passatempos.6 Pode até ter de fazê-las com maior esforço, especialmente quando a dor dificulta a realização. No entanto, é importante preencher os seus dias com atividades e pessoas que lhe transmitem alegria.
Tratamento para cada tipo de dor